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Writer's pictureMarina Garrido

O Sorriso da Hiena

Autor: Gustavo Ávila

Editora: Verus

Classificação: 2 de 5 Potinhos de Tinta







Vamos lá,


O protagonista Artur, que é autista é descrito de um modo ridiculamente ofensivo e estereotipado. Ele foi comparado com um robô que "aprende sobre emoções ao conviver com seres humanos," tem apenas uma amiga, nada é falado sobre sua família, não tem vida romântica (além de um único encontro trágico), entre outros esteótipos de pessoas autistas. Como se isso não fosse suficiente, é dito Arthur é "portador" da síndrome de Asperger.


Síndrome essa que já foi eliminada do manual de diagnóstico há anos pois, entre outros motivos, foi inventada pelo nazista Hans Asperger. Ainda que o médico não fosse filiado ao Partido Nazista oficial, cooperou ativamente com o programa nazista de eutanásia de crianças e apoiava Hitler. A principal função de distinguir autistas "comuns" daqueles com "Aspergers" seria para se identificar quais eram "úteis" e quais poderiam sofrer eutanásia sem "perda para a sociedade." Para quem quiser mais informações sobre isso, aqui um link de uma matéria interessante do Correio Braziliense.


Existem pouquíssimas personagens mulheres, sendo que nenhuma delas exerce um papel relevante no enredo. Uma tem apenas duas falas e aparece apenas uma vez. As outras duas existem apenas para avançar a jornada dos personagens masculinos. Sério, tão difícil assim ter uma mulher como um dos seus TRÊS personagens principais, ou até mesmo um dos personagens secundários que possuem agência própria?


Outro elemento que me incomodou profundamente foi que a obra perpetua o mito de que há tantos assassinatos não resolvidos porquê os criminosos são habilidosos, espertos e incrivelmente cuidadosos. Na realidade, muitos assassinatos seguem sem resolução devido a indiferença, falta de recursos, incompetência e outros problemas estruturais presentes na polícia.


O final da trama foi um dos piores que eu já li na minha vida, sendo completa e absolutamente irreal. Não vou entrar em detalhes para não dar spoilers, digo apenas que existem infinitas obras de suspense/detetive, nacionais e internacionais, que valem muito mais o seu tempo do que esta.



Escrito originalmente em 2022

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